terça-feira, 31 de julho de 2007

foto do espectaculo deflagrações

gosto

Gosto de estar contigo debaixo das árvores verdes
de ficarmos sentados nas muralhas dos castelos mais altos
perder-te entre as ruas húmidas e estreitas
deixar-te sentada na cama
depois de te abraçar lentamente até ficar sem forças
gosto de ver o teu olhar perdido
quando te toco de fugida nas pernas
gosto de ficar parado para que me adivinhes os pensamentos
gosto das flores que caiem das árvores quando sorrimos juntos
gosto do tempo gasto a esperar-te

prefacio do livro aluimentos 2005

Revez,
com o tempo habituei-me a ver-te
a andar na direcção das armadilhas,
longe da comodidade dos lares,
longe do conforto dos sofás
instalados estrategicamente nas salas
em frente a televisão.
Não suportas a vida estável
nem a saudade ou o adormecimento,
preferes o rigor do Inverno
sobre o teu corpo nu,
preferes a tempestade
e a união do teu rosto com o vento.
É por isso que tu escreves
ou começas-te a escrever.
Os poemas reunidos neste teu primeiro livro
são “O sol amargo da desesperança de um amor verde
e fresco do verão que tarda em aparecer”


Paulo Ribeiro

quarta-feira, 25 de julho de 2007

segunda-feira, 23 de julho de 2007

amo-te. insistiu ele.

- amo-te. insistiu ele.
- eu não. respondeu ela.
- e se nos voltarmos a encontrar? perguntou ele.
- eclipses, nada mais. respondeu a lua ao sol.

Manhã Doce

Foste a manhã doce que despertou o meu olhar
Que se debruçou suavemente na minha janela
E que esperou para me ver acordar
Foste a tarde de calor que se encostou no meu peito
E me apagou a dor
Foste a noite que se vestiu na luz branca do luar
E me adormeceu em profundos sonhos
Até que voltaste manhã doce
Propositadamente para me acordar

domingo, 22 de julho de 2007

Fui eu...

fui eu quem te roubou o brilho do olhar
as tuas mãos húmidas de desejo
a tua alegria verde ao acordar
os teus abraços ternos e meigos
a tua esperança no dia de amanhã
fui eu
quem te espetou as facas mais aguçadas de ódio
quem te olhou com a raiva mais vermelha da desesperança
quem te abraçou com a força mais pálida
quem se deitou mais friamente a teu lado nas noites quentes de verão
fui eu
sem saber porquê…

sexta-feira, 20 de julho de 2007

outro poema antigo

Recordo muito levemente o corpo suado de amor e sexo
o nosso cheiro a preencher as paredes frias dos quartos onde nos demos
derradeiramente como se fosse a ultima
como se o dia terminasse ali naquele orgasmo
dei-me ao teu amor sempre com o sorriso mais puro
como as crianças que roubam laranjas e fogem
eu nunca fugi de ti, ficava ali muito quieto
a contar os cabelos que perdias
a assistir à tua cara a voltar ao normal
à espera de um olhar cúmplice, de me dizeres que era para sempre
hoje acho que perdi o olhar
não fugi, fiquei muito quieto, mas não tenho cabelos para contar
e não me disseste que era para sempre
sussurraste-me de longe para me recordar o que é o passado

Havana

Os pobre que se sentam nas esquinas húmidas das calçadas
Sabem que os sonhos estão escondidos nas folhas verdes das árvores
Nos fumos ásperos dos carros que a pouco e pouco vão circulando
Nas fachadas destruídas das casas coloridas de branco
Os homens sabem que as ruas são feitas para amar
Que as árvores altas e húmidas gostam de ser cobiçadas e desejadas
Os pobres que se sentam nas esquinas húmidas das calçadas
Sonham com um pouco mais de frio
Com as luas frias do Outono
Ainda pensam e sonham com peixes livres de espinhas e dor
Com o sol que tarda em chegar perto
Com a pálida liberdade dos outros.

Eroscópio

oficio de amar

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Sem titulo

não tenho saudades tuas
tenho saudades do futuro
tenho saudade do teu sorriso
de te acarinhar os ombros sem pensar que mãos já trilharam o teu corpo
tenho saudades de me beberes
de me dares a agua do teu corpo frágil
tenho saudades de te ver sorrir no anoitecer das manhãs
tenho saudades de te desejar bom dia porque esse é o meu dia
tenho saudades de te vestir os vestidos largos
para depois entrar em ti sem te esperar
tenho saudades do teu corpo aberto no meio do saco cama
roto pelo pernoitar dos nossos corpos
tenho saudades de me olhar no espelho e ver os teus olhos
de me pentear até ao final das costas como se o meu cabelo fosse o teu
tenho saudades de preparar duas torradas sem manteiga
dois chás sem açúcar
dois bifes com pimenta
dois cigarros sem aditivos
e um com compostos dificilmente derretidos
tenho saudades do teu olhar revirado ao acordar
mesmo que eu não acorde no teu telhado virado para a porta da entrada

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Quero-te

Quero-te no espaço mínimo de dois corpos
Para que no segundo seguinte ao meu olhar
O meu corpo encontre o teu
Quero amar-te sem hora marcada,
Sem pré-anúncio de desejo
Quero amar-te logo que os meus olhos encontrem os teus
Quero amarrotar-te na cama por entre os abraços apertados do amor
Quero rasgar-te a roupa
O meu corpo precisa do teu sem ameias
Quero ser a águia que voa ao encontro da presa
Quero ser o animal carnívoro que se sacia com o corpo do outro
O teu corpo…
Quero ofender as tuas hesitações, com o desespero de uma erecção
Entrar em ti contrariando as tuas decisões
Quero amar sem a prevenção da ausência
Quero amar-te mesmo que seja só isso.