segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

PEQUENO TEXTO DO ESPECTACULO "O UIVO DO COIOTE"

Onde estarão agora os que já foram meninos comigo, meus companheiros de bibe-e-calção? Gostava de ir lá vê-los à nossa infância, de irmos todos, reconhecermos como nossa ainda a pureza antiga, os projectos que enterrámos, as ilusões, os actos falhados. E, com efeito, o mundo dos nossos adultos está cada vez mais triste, mais crápula, mais ratazana. É uma bicharada que vai a correr pró buraco do coval, comprometida e lassa, sem alegria, sem carácter, sem sentimentos, sem dignidade nenhuma. Não são gente: são baratas medrosas, assustadas sempre, que andam de luto por eles- mesmos e se escondem quando pressentem uma luz, a ousadia de um gesto, a virtude duma palavra. Adultos, cadáveres de jovens. Metem dó, metem nojo, tão velhinhos e tão resignados. Cagarolas. Gostaria de os tornar a ver como eram, na infância mas...

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