terça-feira, 5 de outubro de 2010

havana transportes

Gosto muito de Cuba.
Haveria muito que contar, que falar, que descrever. Não sei se não me apetece, se não quero falar sobre a minha experiencia de viver aqui em Cuba. Digo viver, porque assim é, não sou turista de pulseira no braço, felizmente. Gostava de falar dos transportes, de como nos movimentamos. Sim porque vivo num bairro de havana a 10 kilometros do centro da cidade, onde trabalho. Para nós os residentes, e reparem que já me sinto incluído nos residentes, em breve entram os papeis para ter cartão de residente, com os mesmos direitos e deveres que o cidadão cubano, dizia que para nós residentes existem três alternativas, ter carro próprio, autocarro e uma espécie de táxi popular. Andar a pé é o meu meio preferido, caminho cerca de 3 horas diárias, é um prazer individual que tenho. Andar de autocarro ou de táxi chamado popular é uma aventura, que temos de aprender a saborear. Ao principio andar de autocarro é algo que não nos passa pela cabeça, não existe lotação, e quando vemos um autocarro cheio a primeira ideia é esperar pelo próximo, mas o próximo ainda esta mais apinhado de gente. Tem um ponto a favor, quem tem dinheiro paga, quem não tem não paga, e quando se paga é cerca de 4 centimos. Ando muito frequentemente de autocarro, gosto da expectativa, da curiosidade de saber quem vai partilhar conjuntamente comigo os centímetros quadrados disponíveis. O contacto intimo é inevitável, é uma massa humana que se prensa dentro de um autocarro como se de um desmembrador físico se tratasse. A sorte ou o azar condiciona se ficas rodeado de belas cabritas, rabudas negras, lindas morenas ou por negros ossudos, mulatos com 3 metros.
O táxi popular é um mar de surpresas e um laboratório experimental muito interessante. Para um actor é importante estar atento, estudar comportamentos, recolher informação para posteriormente utilizar. O táxi popular como lhe chamo disponibiliza tudo isso. A lotação também depende da vontade do condutor, um carro de 5 lugares pode ser coabitado por 7 ou 8 almas. O preço é fixo, 50 centimos, andes 2 ruas ou 5 kilometros. Nos táxis diz-se mal do governo, o cubano é por natureza insatisfeito, lançam-se piropos as moças, tentamos adivinhar se o carro resiste até final da viagem. Aqui a sorte também é um factor importante, podemos partilhar o táxi com uma bela cubana e com mais quatro passageiros magros, ou partilhar o assento traseiro com 400 kilos de massa humana, com sorte conseguimos um espaço para respirar entre os seios de alguma mulata. Hahahahahaahhahah. É importante para quem quer andar de táxi, escolher bem o carro que manda parar. Pode acontecer que devido ao fumo que o senhor carro deseja partilhar contigo, tenhas que voltar para trás para tomar um duche. Depois de uns dias tornamo-nos expeditos e se temos tempo, podemos escolher um taxe que ainda não tenha ninguém no lugar do co-piloto, ai estamos safos.
As conversas nos táxis são muito interessantes, falamos de tudo sem qualquer restrição e sem tabus, o cubano tem poucos preconceitos e é geralmente muito culto. É frequente sair do táxi e continuarmos se o tempo o permite, a conversar pela rua durante vários minutos.
Gosto de andar de transportes públicos em Cuba

3 comentários:

Nucha disse...

Gostei. Até me deu vontade de voltar a andar de "camelo". E de regatear o preço da bandeirada do taxi.
Vai escrevendo mais coisinhas, mais que não seja para matares o pessoal de inveja.
Beijos grandes.

Anónimo disse...

Cuba parece ser espectacular. Viver sem dinheiro e andar em transportes publicos abarrotar é o sonho de qualquer um. Realmente 4centimos é uma ninharia, mas não esquecer que um ordenado em Cuba mensal é o ordenado de dois dias de um Português que tenha o minimo (450€). por isso só pode emigrar praí quem nao tiver familia cá para sustentar e casa pa pagar.
Por isso viver aí deve ser uma experiencia maravilhosa.
Vais ficar por aí então?

Camolas disse...

O jeitão que uma bicleta não dava aí ??
Admira-me que a indústria cubana não consiga produzir bicla em massa e por toda essa malta a pedalar.
um abração grande, regado de tinto de Baleizão