sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Paula

Conheci a Paula na tarde de sexta feira dia 14 de Outubro de 2010, tinha acabado o ensaio e ela apareceu sem ser convidada. Trocamos alguns olhares, eu sempre muito desconfiado porque era a primeira vez que me via assim frente a frente com ela. Ela estava descontraída, os seus longos cabelos passeavam-se pela rua e arrastava os olhares, os ramos das arvores, os corpos que deambulavam pelas ruas. Enchi-me de coragem e pensei para comigo, é agora ou nunca. Saí a rua de corpo aberto, apaixonado, atraído por aqueles longos cabelos que a todos envolvia. Paula, segura de si, sugava e expelia todos os corpos das ruas por onde passava.
Por momentos pensei se tinha mesmo coragem de me aproximar da Paula, sempre fui tímido e aqui deste lado do atlântico as mulheres são muito quentes, muito atrevidas, muito descaradas.
Sempre fui muito inconsciente, corri e abracei-a ou ela a mim, perdi a noção de corpo, foi uma sensação de entrega, de medo ou de prazer que nunca tinha experimentado.
Depois de entrar no autocarro, consegui reencontrar-me, juntar as pernas com as ancas, os ombros com os braços, o pescoço com a cabeça, apenas perdi dois dos quatro neurónios que me restavam. Mas… era um prazer imenso, infinito. Um arrepio frio, doce, esgotante. Cheguei a casa com as pernas tremulas, recordo a primeira vez… sempre há uma primeira vez.
O furacão Paula, chegou a La Habana já tormenta. Havia perdido intensidade, mas os ventos eram fortes, muito fortes. Deixou arvores pelo chão, carros pelas estradas, casas sem electricidade, ramos e galhos pelos passeios. Os cubanos estão habituados e agradecem as aguas que ficam nas terras. Eu tive a primeira experiencia intima com um furação chamado Paula.
Se amanhã uma linda jovem me abordar na rua com o pseudónimo de Paula…

Sem comentários: