quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Um ano de JPV

Dentro de poucos dias vai fazer um ano que tomou posse o novo executivo autárquico em Beja. Gostaria de deixar claro, se duvidas existissem, que não fui apoiante nem votei no Jorge Pulido Valente. No entanto esperava algumas alterações e rupturas que poderiam ser impulsionadoras de desenvolvimento do concelho de Beja.
É com alguma desilusão, tristeza e até amargura que analiso um ano de trabalho autárquico deste novo executivo.
A coisa começou mal, no próprio dia das eleições, a triste frase de JPV de que a Democracia finalmente tinha chegado a Beja, teve um alcance que nem o próprio JPV pensara. Foi o inicio de uma clivagem desnecessária com o maior partido da oposição, PCP, que governara a Camara desde o 25 Abril. Goste-se ou não, em Beja não se vivia numa ditadura, muito longe disso. Mas pela triste frase de JPV não se atingiram só os eleitos do PCP, magoaram-se centenas de activistas sociais, elementos independentes do movimento associativo, artistas, desportistas, agentes económicos e outros que durante os últimos 30 anos desenvolveram um dialogo construtivo e democrático com os sucessivos executivos camarários. A leviana frase, vai condicionar todo o mandato de JPV, porque sempre que este não aceda a marcar uma reunião, sempre que interrompa um concurso publico porque o júri do referido concurso não é afecto a sua cor partidária, será justamente acusado de anti democrata .
Depois JPV decidiu reorganizar os funcionários da CMB, até aqui nada em contrario, se esta reorganização não tivesse sido apenas para realizar uma purga politica, provocando mal estar em muitas dezenas de funcionários que acusam JPV de perseguição politica e em muitos casos com razão. Desta reorganização não me recordo de novos serviços que tenham sido incrementados, de novas valências que tenham sido criadas, apenas algumas mudanças de cadeiras, justificadas por motivos políticos (não me parece muito democrático).
Depois JPV cometeu o maior erro em que um politico se pode aventurar, mentir. JPV mentiu meses seguidos sobre o real montante da divida da CMB, se nos momentos iniciais poderia ser por desconhecimento, depois fê-lo de forma propositada, e isso o eleitorado não perdoa. O seu vereador da cultura seguiu o exemplo e numa tentativa de justificar uma festa despropositada e provinciana, recorreu a mentira, afirmando que os bilhetes para a referida festa estavam a ser vendidos a bom ritmo. Posteriormente informou em relatório que não se venderam bilhetes por motivos de segurança. Neste caso só a inexperiência justifica que um politico recorra á mentira por um motivo tão insignificante.
Depois JPV apresentou muito pouco trabalho durante um ano, claro que durante um ano não se pode pedir a um politico que chega de novo a um executivo camarário, que desenvolva todo um programa. Mas dos vários pilares anunciados durante a campanha, quantos cabocos dos mesmos estão feitos? Não são conhecidas as ideias, os objectivos, os métodos as linhas programáticas em variadíssimas áreas, escolheu-se o pior caminho, o do imediatismo, algumas festas, feiras, uma ou outra acção de forma avulsa. Pior, JPV com base na mentira das dividas herdadas, cortou, cortou e cortou e voltou a cortar em áreas sensíveis e com reflexos na qualidade de vida das populações, o movimento associativo cultural, social, desportivo, recreativo e artístico. Alguns cortes fixaram-se nos 70%, condenando á morte algumas dessas associações.
Neste primeiro ano a CDU deixou aprovar o orçamento da CMB em sede de Assembleia Municipal, se o orçamento para 2011 apresentar as mesmas linhas do anterior, acho que a CDU deveria repensar o seu sentido de voto. Não digo nem falo por questões politico partidárias, mas sim para salvaguardar os interesses dos bejenses.

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